terça-feira, junho 27, 2006

sobre o medo

colei do blog do marcelo coelho por estar tremendamente adequado ao meu momento (interno) atual

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Sobretudo, a importância do medo ficou para mim mais clara numa peça de teatro bem inocente, que vi com meu filho maior há coisa de um ano atrás. Era, se não me engano, “O Pássaro de Fogo”, conto de fadas russo adaptado para teatro de bonecos. A platéia infantil, nesses teatrinhos, fica surpreendentemente atenta e concentrada – para meu espanto, uma vez que muitos ali mal compreendem a história. Entretanto, passada meia hora, a excitação geral vai se sobrepondo ao interesse que os atores possam despertar, a incompreensão diante de alguns diálogos vai estimulando o zum-zum das crianças, que já não acham posição nas cadeiras, enfim, todo o fenômeno da dispersão se estabelece.

É nessa hora que algumas peças infantis recorrem ao medo. Nada melhor do que uma ameaça, um momento mais sombrio, para recuperar o silêncio e a atenção.

Talvez seja assim com todos nós: como dizia Rilke a propósito da Beleza –que corresponderia ao grau de terrível que somos capazes de suportar—a atenção é provavelmente o grau de medo com que podemos conviver produtivamente. Adrenalina, em geral, está associada a atividade, à necessidade de liberar energia. O medo libera-a também, mas provê a importante dose de silêncio e concentração que toda atividade intelectual, mesmo passiva, naturalmente exige. Não é o ideal para a criança que vai ser posta para dormir. Sem medo, entretanto, o teatrinho não se segura.
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o que remete para nossa infância , todas as nossas atitudes . Impressionante ver como a maioria das pessoas age no automatico... a famosa massa de manobra... que de tanto não pensar em si mesmos, preferem não pensar. E reagem com medo do bicho papão, com medo do novo . necessário para prestar atenção em algum ponto. Maioria das vezes o medo vem do dominante mesmo... para colocar o foco da massa no que interessa a ele... mundinho melhor se não precisássemos viver tolhidos pelo medo, e sim movidos pelo bem estar comum.
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