sexta-feira, outubro 21, 2005

sobre o referendo...

****a Rosangela tem um blog maravilhoso, mas me mandou este texto pelo email , que eu usurpei sem consentimento, mas depois de ter avisado q o faria... beijocas pra ela!!! *****

Eu disse que era contra. Não sabia então dos nuances da pergunta.
Queria dizer que era pelo sim. Este foi o meu sentimento de barriga e
usei os argumentos que podia. Que sentia. Mas sou uma pessoa
amedrontada. Embora nunca tenha me deixado vencer pelo medo, embora
sempre tenha me colocado do lado de fora do meu medo para fazer as
coisas que queria fazer. Mas como sou uma pessoa a quem o medo sorri,
seduz, fui seduzida pelo não. Andei até divulgando que tinha mudado de
idéia e era agora pelo não. Mas... depois disso, alem do medo me
sentia triste.Uma tristeza que foi crescendo e me fez reencarar a
minha escolha. Por que tenho medo. Por que estou triste. Os
argumentos do não até são fortes, mas eu não posso ir contra o que eu
sinto. Resolvi procurar saber mais. Em quais paises a comercialização
de armas é liberada? Nos EUA a comercialização é liberada. Embora se
diga que lá seja o pais da liberdade, a liberdade lá é limitada. Lá se
alguém penetra no terreno do outro é primeiro baleado. Depois se
pergunta o que queria. Na Alemanha o comercio de armas é proibido.
Para comprar armas é necessário primeiro ter uma licença especial. Na
Alemanha há liberdade de ir e vir. Há poucos muros, as casas têm a
janela para a rua. Os campos de plantações, de cereais, de frutas,
podem ser cruzados por qualquer cidadão. Os caminhos no campo são
livres para se ir e vir. Assim também é na maioria dos paises da
Europa. Os caminhos cruzam as fronteiras e as propriedades
particulares e são de livre acesso para qualquer um. Ninguém nem
pergunta pela nacionalidade. Aqui se cultiva a confiança, não a
desconfiança. Eu me sinto bem vivendo num pais em que eu tenho
liberdade de percorrer os caminhos nos campos, nas florestas, sozinha.
O medo esta lá, por que ele faz parte de mim, mas cada vez mais
adquiro a confiança de ir e vir sem perigo, que é possível aqui. O
medo é meio atávico, transcende à minha própria compreensão Já li uma
mensagem que defendem o não, argumentando que nos paises onde havia o
desarmamento da população, isto acabava se voltando contra a própria
sociedade. Citavam a Alemanha pré-segunda guerra. Na Alemanha
pré-segunda guerra, o povo estava desarmado sim. Mas a Alemanha
pós-guerra também esta desarmada. E quando o povo precisa estar
armado? Para se voltar contra o estrangeiro ou para se usar contra o
próprio povo? Uma opção é a guerra. A outra é a guerrilha. Eu não
vejo vantagem em nenhuma delas. O governo alemão armou o povo para a
guerra. Mas a principal arma usada pelo ditador para seduzir a
população, levar a população a se armar, foi à propaganda. Foi a
palavra. Não as armas. As armas vieram como conseqüência desta
sedução. Por todas estas considerações, embora entenda bem o medo e a
sedução do medo, volto à minha opção primordial. E como divulguei o
não, me sinto na obrigação de divulgar minha reconsideração pelo sim.
Não posso ir contra os meus sentimentos mais íntimos. Eu permaneço
pelo sim.