sábado, fevereiro 18, 2006

vale a pena ler: harem ocidental

estava navegando , e fui ver a Horvallis
vale a pena ler este peuqeno texto sobre a opressão ocidental sobre as mulheres.

cigarro again... sobre fumos de baixos teores

sou fã do Drauzio Varella né? mas o artigo tá p lá de bem escrito


De gravata ou revólver na mão
Ao contrário do que imaginam os fumantes, cigarros de baixos teores são mais nocivos à saúde.Na primeira metade do século 20, a indústria do fumo fez o possível e o inimaginável para impedir que a sociedade fosse informada dos malefícios do cigarro. Nos anos 60, depois da publicação da monografia "Fumo e Saúde", na Inglaterra, e do relatório "Luther Thierry, General Surgeon", nos Estados Unidos, nos quais foram reunidos mais de 30 mil estudos que demonstravam ser o tabagismo a principal causa isolada de mortes e doenças crônicas, a indústria houve por bem lançar o chamado cigarro de baixos teores, também batizado de "light", "ultralight" ou "low tar".O bombardeio publicitário pela TV e demais meios de comunicação sugeria aos incautos que as marcas "light" representariam uma forma segura de fumar: fumos com teores reduzidos de alcatrão e nicotina deveriam fazer menos mal do que aqueles com concentrações mais altas dessas substâncias. Como conseqüência, seu consumo virou moda; especialmente entre as mulheres, o alvo principal das campanhas para expandir o mercado de dependentes.Na verdade, tratava-se de uma manobra criminosa: comparado com os fumos mais fortes, o cigarro de baixos teores é um agravo muito mais sério à saúde.Para conquistar usuários do sexo feminino e facilitar para as crianças a aceitação do sabor aversivo da fumaça, a indústria adiciona aos cigarros de baixos teores compostos naturais e sintéticos com odores e gostos agradáveis, como o etilvalerato (maçã), álcool fenílico (rosas), anetol (aniz) e muitos outros. Muitos, mesmo: são mais de 600 - segundo o Food and Drug Administration, dos Estados Unidos -, que vêm somar-se aos 5.000 ou 6.000 normalmente presentes no cigarro. A combustão de vários desses aditivos dá origem a subprodutos hepatotóxicos ou cancerígenos.A nicotina é uma droga que exerce ação psicoativa ao ligar-se a receptores existentes nos neurônios de diversas áreas cerebrais. Quando esses receptores ficam vazios o fumante entra em crise de abstinência e acende o próximo cigarro. Ao dar a primeira a tragada, a ansiedade desaparece de imediato porque a droga vai dos pulmões ao cérebro em apenas seis a dez segundos. Esse mecanismo é tão poderoso que o cérebro não deixa a critério do fumante a inalação da quantidade de nicotina exigida pelos neurônios dependentes: são eles que controlam a duração e a profundidade da tragada. Se a concentração da droga na fumaça é mais baixa o cérebro ordena uma tragada mais profunda e duradoura.Ao aspirar com mais força, o ar entra com maior velocidade e queima proporcionalmente mais tabaco do que o papel das laterais, aumentando o conteúdo de nicotina na fumaça e provocando alterações químicas que a tornam mais facilmente absorvida nos alvéolos pulmonares.Por essas razões, até hoje nenhum estudo demonstrou que fumantes de cigarros "light" apresentem menos doenças cardiovasculares, respiratórias ou câncer. Pelo contrário, alguns trabalhos mostram incidência mais alta de ataques cardíacos e de doenças respiratórias.Faço essas observações, leitor, para comentar um trabalho publicado na revista médica "The Lancet" por três autores canadenses que tiveram acesso aos documentos dos estudos sobre os efeitos do cigarro, conduzidos secretamente pela multinacional British American Tobacco (controladora da Souza Cruz, no Brasil) no período de 1972 a 1994, agora tornados públicos depois de longa batalha judicial vencida pelas autoridades norte-americanas.Os exames para analisar cigarros são regulamentados por uma organização internacional (ISO). O teste padrão é feito por meio de uma máquina de fumar que uma vez por minuto, dá uma tragada de dois segundos de duração, na qual são inalados 35 mililitros de fumaça para análise. Ocorre que os pesquisadores da companhia descobriram que o fumante médio é mais ávido: dá duas tragadas por minuto, nas quais inala 50 a 70 mililitros de cada vez.Na documentação, os autores canadenses verificaram que a multinacional não estava simplesmente interessada nos hábitos dos fumantes, procurava usar esse conhecimento para desenvolver um cigarro que obedecesse às normas legais de acordo com as análises efetuadas pelas máquinas de fumar, enquanto aumentava o conteúdo de nicotina a ser absorvido pelos pulmões fumantes, como evidencia um documento interno datado de 1983: "O desafio é reduzir o conteúdo de nicotina determinado pelas medidas das máquinas, e ao mesmo tempo aumentar a quantidade realmente absorvida pelo fumante".Outra diretriz interna propunha: "O ideal é que os cigarros de baixos teores não pareçam diferentes dos normais ... Eles devem ser capazes de liberar 100% mais de nicotina do que o fazem nas máquinas de fumar". Em 1978, enquanto a publicidade milionária exaltava as virtudes das marcas "light", um dos médicos contratados pela empresa advertia, em sigilo: "Talvez a variável mais importante para caracterizar o risco à saúde seja a duração do contato com a fumaça inalada. Se assim for, a fumaça inalada profundamente através dos cigarros de baixos teores deve ser mais prejudicial".Moral da história: de terno e gravata ou revólver na mão, vendedores de drogas são indivíduos dispostos a cometer qualquer crime para ganhar dinheiro.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

desejo masculino

Os maiores desejos segundo a idade
Aos 4: não fazer xixi nas calças.

Aos 15: muitos amigos.
Aos 18: carteira de motorista.
Aos 20: muito sexo.Aos 35: muito dinheiro.
Aos 40: muito dinheiro.
Aos 50: muito dinheiro
.Aos 60: sexo.
Aos 70: sexo.
Aos 75: carteira de motorista.
Aos 80: muitos amigos.
Aos 85: não fazer xixi nas calças

sábado, fevereiro 04, 2006

do drauzio varella na Folha de SP de hoje

Óleo de rícino
Trinta anos atrás, uma senhora que sofria de reumatismo me contou ter sido tratada com óleo de rícino. Duas vezes por semana ela ia ao consultório, e o médico perguntava: "Hoje a senhora prefere o vermelho ou o alaranjado?". Vermelha era a cor no pote que continha óleo de rícino com groselha; no outro, o óleo vinha misturado com essência de laranja, para disfarçar o gosto insuportável do purgativo.Até aí, nenhuma novidade; em tantos anos de profissão, já vi os tratamentos mais estapafúrdios prescritos tanto por médicos tradicionais como pela autodenominada medicina alternativa; o curioso, nesse caso, é que a receita vinha de um renomado professor universitário, autor de um tratado de clínica médica adotado em várias faculdades. E, mais desconcertante: a senhora estava convencida de que, graças à ação do famigerado óleo, as dores entravam em períodos de acalmia.Óleo de rícino é dotado de atividade anti-reumática? É muito pouco provável que seja, mas a medicina daquele tempo oferecia poucos recursos e não era baseada em evidências experimentais. Os médicos adotavam condutas e receitavam remédios com base em teorias jamais comprovadas cientificamente ou de acordo com idéias preconcebidas e experiências pessoais. Parte expressiva desse entulho do empirismo ainda se acotovela nas prateleiras das farmácias sob o rótulo de protetores do fígado, fortificantes, revitalizadores, complexos vitamínicos e de mirabolantes associações de panacéias que apregoam, no rádio e na TV, curar males tão diversos quanto falta de memória, fraqueza, irregularidades menstruais, gripes e doenças do fígado.A explosão do conhecimento científico que revolucionou a forma de praticar medicina na segunda metade do século 20 implantou o paradigma de que qualquer tratamento médico só pode ser adotado depois de haver demonstrado eficácia estatisticamente significante em estudos conduzidos com absoluto rigor científico. A experiência pessoal ou de terceiros é importante para ajudar o médico a interpretar resultados e referendar ou não as conclusões tiradas nesses estudos, mas não é suficiente para substituí-los.Por que a exigência desse rigor? Primeiro, porque as doenças evoluem de forma imprevisível: curas e recaídas podem suceder-se sem qualquer relação com o tratamento instituído. Segundo, porque cada organismo reage de acordo com suas idiossincrasias: o remédio que cura um pode matar outro. Terceiro, por causa da existência do efeito placebo, isto é, do alívio que o simples ato de ir ao médico e de tomar remédio pode trazer para algumas pessoas.Mil anos atrás, Isaac Judaeus, médico de alta reputação no Egito, escreveu os seguintes aforismos: 1) A maioria das doenças é curada pela natureza, sem ajuda do médico; 2) Não confie em remédios que curam tudo, eles são fruto da ignorância e da superstição; 3) Faça o paciente sentir que será curado mesmo que você não esteja convencido, porque assim ajudará o esforço curativo da natureza.O caso da vitamina C é um bom exemplo. Nos anos 1970, o cientista Linus Pauling lançou a idéia de que vitamina C em doses altas melhoraria a imunidade, preveniria gripes, resfriados e até câncer. Por falta de apenas um, Pauling havia sido agraciado com dois prêmios Nobel: o de Química e o da Paz, mas entendia de medicina tanto quanto eu de pontes e de barragens. O resultado foi o uso indiscriminado de vitamina C, porque usuários contumazes que passam dois anos sem gripe atribuem à vitamina o poder protetor; quem teve um resfriado que foi embora em dois ou três dias enquanto o do vizinho levou cinco, faz o mesmo.O uso de vitamina C alardeado por Pauling ainda rende centenas de milhões de dólares em vendas anuais, mas não foi suficiente para livrá-lo do câncer de próstata no fim da vida nem demonstrou qualquer eficácia na prevenção ou tratamento de gripes e resfriados, em nenhum estudo realizado.Agora vejam o caso da reposição hormonal, que alguns médicos defendiam estar indicada para todas as mulheres no climatério, porque os benefícios seriam inúmeros; entre eles, o de reduzir o número de ataques cardíacos, porque a reposição provoca aumento do colesterol HDL ("protetor") e diminuição do LDL ("o mau colesterol").Então, os americanos publicaram em 2002 os resultados do mega-estudo conhecido como "Women's Health Initiative" (WHI), no qual 160 mil mulheres vinham sendo acompanhadas desde 1991. Para surpresa de todos nós, na comparação das mulheres que receberam reposição hormonal com as que tomaram comprimidos-placebo, ficou claro que as primeiras tiveram 28% a mais de ataques cardíacos, além de mais derrames cerebrais, tromboses e câncer de mama. Enquanto a reposição reduziu o número de fraturas por osteoporose e, inesperadamente, a incidência de casos de câncer de intestino.Não fosse esse estudo, quantos milhões de mulheres estariam recebendo reposição hormonal com a justificativa de reduzir o risco de doença cardiovascular?Hoje, ao indicarmos a reposição, dispomos de dados para analisar vantagens e desvantagens naquele caso particular, e temos o dever de discuti-las com nossas pacientes, para que seja tomada uma decisão conjunta.A medicina baseada em evidências decretou o fim do médico lacônico, que impõe tratamentos prescritos em hieróglifos. Na medicina moderna, o papel do profissional é apresentar as evidências e ajudar o doente a decidir qual das opções é a mais adequada para seu caso.